sexta-feira, agosto 04, 2006

Coisas da noite (II)

Tenho uma amiga (que aqui vamos chamar de B), usual instrumentista de cerimônias e recepções de casamentos, que recorreu a mim para poder fechar um evento. A cantora, com quem ela costuma trabalhar, por motivos de saúde, não pôde participar. Pensei em recusar logo de cara. Por quê? Porque em minha única experiência (um evento que fora combinado comigo e no qual consegui convencer a noiva a fugir da mesmice, optando por músicas que tivessem feito a história dela e do seu noivo) não precisei cantar a Ave Maria. E eu tremia na base só de me imaginar cantando-a.

É super difícil, gente! É em Latim. Possui frases longas que requerem respiração cuidadosa. A divisão é delicada. Entrei em parafuso!!

Tinha apenas três dias pra aprender letra e melodia. Uma certa e prévia má vontade me impediria de tornar a coisa orgânica. Tinha certeza disso. Ia ser um fiasco, meu Deus! Por isso, tentei fazer B desistir de mim e falar com outras cantoras, mas, para a minha total falta de sorte, ninguém estava disponível. E, afinal, eu não podia deixar minha amiga na mão. Durante dois dias inteiros usei o headphone como quem corre contra o tempo. Afinal, o resultado tinha que ser, no mínimo, aceitável. Além do mais, nossos nomes estavam em jogo. Aliás, principalmente o meu estava na reta.

Fui à casa de B para um único ensaio. Quando ela me mostrou a relação das outras músicas que fariam parte da coisa, fiquei pasma! Eram: “Eu sei que vou te amar”, que é linda; “Pela luz dos olhos teus”, maravilhosa; aquela que toca em tudo quanto é casamento, a do “Fantasma da Ópera”; duas ou três instrumentais; e, para a saída dos noivos, o grand finale – preparem os seus corações – uma pérola da banda Calcinha Preta*. Preciso dizer que tive um acesso de riso, daqueles de quase verter líquido na minha própria peça íntima?

Meus amigos, depois de “interpretar” “Sonho Lindo”, da Calcinha Preta, vocês acham que eu precisava me preocupar com a Ave Maria, de Schubert? Relaxei e.........


* Banda muito popular que representa a nova roupagem adquirida pelo Forró (ritmo nordestino) desde os anos 90.

4 comentários:

greentea disse...

na próxima eu te convido

para sair de "Calciinha preta"....

Leticia Gabian disse...

Querida greentea,
Desde já, devo dizer que declino do seu convite.

Beijo

Anônimo disse...

Parodiando o Caetano, em seu "How beautiful could a being be?", eu poderia dizer, sem nenhum receio, "Quão brega pode um ser ser?

Leticia Gabian disse...

Bote história nisso, amiga Déa!!!

Allan, você não faz idéia (nem de longe) do quanto disso tem por aí.