De Lelete a Letícia Gabian

Quando pequena, era a alegria da casa... Sempre fazendo graça, imitando gente... Sempre cheia de muita imaginação e criatividade. Já mocinha, entrega-se à introspecção. Era como se travasse uma luta interna, entre o que ela sentia ser contra o que esperavam que fosse. Segue assim, por um longo período de tempo. Era inevitável que chocasse os mais inflexíveis, os mais radicais, os mais convencionais. Dessa forma, ela segue o seu percurso, procurando obedecer às suas necessidades internas.

Sempre foi aquela sem saber muito bem onde se encaixar.

Na família, era/é um pouco como a ovelha negra (um bom exemplo disso é que tendo tantos sobrinhos, nunca foi convidada pra batizar nenhum – afinal, sempre foi a “Dona doida” e esse estigma a persegue, geração após outra). No trabalho (como Servidora Pública Federal), é um peixe fora d’água (nem é preciso perder tempo em explicar).

Durante muito tempo, que enorme distância existiu entre aquela meninha e a mulher que se tornou!

Na vida dela, nada acontece como manda o figurino. Nada acontece na ordem “normal”.
Mas, querem saber? Ela não poderia viver diferente disso. E não se queixa. Tem o filho que sempre desejou. Canta e escreve, desenha e pinta pra agradar, antes de mais ninguém, a ela própria. E, por merecimento, tem o amor do homem com que sempre sonhou.

Hoje, ela sabe onde é o seu lugar.