terça-feira, julho 04, 2006

O povo é a seleção brasileira


Apesar do fato de que alguns jogadores de futebol ganham muito além do que recebem os médicos e professores por seus trabalhos, tão essenciais e tão mais valiosos, eu ainda considero o futebol como um elemento de diversão e nada mais que isso.

Talvez por conseguir ter esse distanciamento consiga ver a coisa dessa forma: nós brasileiros, somos um povo covarde e acomodado. Não conseguimos por termo nessa situação degradante em que o nosso país vem se encontrando já há muitas e muitas e muitas décadas.

O jogo contra a França foi o mais que perfeito retrato da nossa gente brasileira X situação do país.
A nossa defesa é desatenta. Basta ver, por exemplo, o que acontece quando chega hora de votar - votamos irresponsavelmente e deixamos tudo por isso mesmo, sem cobrança firme, sem questionamento seguro, sem efetiva organização de equipe.
Quando partimos para o ataque, o ritmo é lento, inseguro e, no fim, perdemos a força para punir, dar limite, impor a ordem, moralizar.
Falta amor à camisa, ao verde-amarelo.

Na verdade, já somos experts em corrupção, em todos os níveis, em miséria, prostituição infantil, analfabetismo, violência, tráfico de drogas... e por aí vai.
Então, de quatro em quatro anos, nos aproveitamos da exposição na vitrine da FIFA para delegar a poucos a missão de fazer o nosso papel de orgulhar a nação.
Poderíamos ver o “fenomenal” garoto da Nike e sua chuteira mágica derrotando a politicagem nojenta dos nossos representantes. O chutão do Roberto Carlos seria o tiro que aniquilaria a fome. Robinho iria impingir sua velocidade às pesquisas científicas, acabando com a burocracia em torno delas e empurrando o Brasil pra frente. Cacá, e sua fé numa força maior, iluminaria os caminhos trazendo educação e saúde para todos, igualmente. Por fim, Zagalo colocaria em leilão sua vasta e bilionária coleção de camisetas e Galvão venderia a Ferrari (que lhe foi presenteada por RRRRRRRRRRonaldo!!!). A verba arrecadada seria distribuída, com igualdade, aos reconhecidamente, e verdadeiramente, sem teto e renda zero.

É mais fácil transferir a responsabilidade para 11 jogadores mais um técnico. Se eles ganham, o Brasil é um país de vencedores, de gente com garra. Gente que luta pelos seus direitos, gente que sabe que é capaz .... e, novamente, por aí vai.
Se perdem.......só alguns poucos brasileiros caem na real de que o país passa por um momento tão crítico no qual até a boa e velha cachaça, como sempre foi o futebol, já não desce tão redondo. Vem aí uma outra partida que merece mais atenção, dedicação e cuidado - As eleições em outubro.

4 comentários:

Senna disse...

Boa comparação! Falta agora a gente tomar vergonha e deixar de aceitar essas coisas !

Anônimo disse...

Adorei. É isso mesmo. Só tenho pena mesmo do povo humilde, que não sabe votar por ignorância, que ri da própria miséria e que só tem o carnaval e futebol como fonte certa de diversão e alegria. Esse, que não entende bulhufas de nada, merecia uma vitória, pra depois comemorar entre pandeiros, cervejas e, no dia seguinte, encarar o batente de novo.

Anônimo disse...

Oxe... sem querer postei como anônimo. Lá vai de novo.


Adorei. É isso mesmo. Só tenho pena mesmo do povo humilde, que não sabe votar por ignorância, que ri da própria miséria e que só tem o carnaval e futebol como fonte certa de diversão e alegria. Esse, que não entende bulhufas de nada, merecia uma vitória, pra depois comemorar entre pandeiros, cervejas e, no dia seguinte, encarar o batente de novo.

Anônimo disse...

Concordo em gênero numero e grau.
Vampos torcer paa que o nosso povo tome vergonha de fato e possa votar no sentido de conseguirmos realmente mudanças significativas na política e na economia.

Arlindo